Teoria Gestalt e método fenomenológico em Gurwitsch e Merleau-Ponty
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v2i2.125Palavras-chave:
Gestalt, Psicologia, Fenomenologia, Gurwitsch, Merleau-PontyResumo
Neste ensaio, examino as diferentes visões que Gurwitsch e Merleau-Ponty susten-tam sobre a relevância fenomenológica da psicologia da Gestalt. Contra a recusa husserliana desta última em razão de seu suposto “naturalismo,” ambos defendem que a crítica da Gestalt ao atomismo psicológico libera uma perspectiva transcendental no estudo da percepção. En-tretanto, os dois discordam entre si no que diz respeito a qual estatuto fenomenológico deve ser concedido à natureza transcendental da Gestalt. Defendo que o ponto central da diver-gência gira em torno da aplicação do método eidético de Husserl. Enquanto para Gurwitsch as investigações realizadas em linha com a teoria da Gestalt se revelam análises noemáticas, confrontando o sujeito com unidades ideais expressas em asserções eidéticas, Merleau-Ponty é crítico dessa investigação, que lhe parece implicar uma forma de dualismo. Concluo com uma confrontação crítica da leitura que Gurwitsch faz da teoria da Gestalt com aquela feita por Merleau-Ponty, enfatizando a originalidade da caracterização da Gestalt pelo filósofo francês como figura originária do ser pré-objetivo.