O Existir na Pele Preta: contribuições de Fanon para a Psicologia Existencial
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v2i2.127Palavras-chave:
Pensamento Decolonial, Psicologia Existencial, Racismo, OntologiaResumo
O presente texto discute a questão da diferença ontológica, segundo a perspectiva dos pensadores decolonias e sua importância para a Psicologia Existencial. Em um primeiro momento, o artigo argumenta que a Psicologia Existencial deve se atentar para a ontologia do colonizado, uma vez que as bases filosóficas na qual se embasa é prioritariamente européia e desconsidera as especificidades da experiência pós-colonial sob o ponto de vista do coloni-zado. Essa experiência foi descrita pelo psiquiatra martinicano Franz Fanon, cuja obra pode embasar a construção de uma Psicologia Existencial anti-racista. Entende-se que o racismo é constitutivo da modernidade-colonialidade estando contido nas ontologias européias desde a moderna, como a de Descartes, à contemporânea como a proposta por Heidegger. Fanon pro-picia um desvelamento desse racismo estrutural na filosofia moderna, ao realçar a experiência do preto colonizado o que, segundo os autores do movimento decolonial como Dussel, Maldo-nado-Torres e Alberto Quijano, contribuiu para a consolidação desse movimento. O texto con-clui realçando a importância de uma Psicologia plural e atenta à diversidade das experiências.
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