O inconsciente na intersecção entre psicopatologia fenomenológica contemporânea e psicanálise relacional
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v4i1.119Palavras-chave:
Fenomenologia, Psicanálise Relacional, Implícito-procedural, Memória Corporal, InconscienteResumo
A tematização das dinâmicas, processos e fenômenos de natureza corporal, implícito-procedurais, vêm reaproximando nas últimas décadas fenomenologia e psicanálise e, especialmente, psicopatologia fenomenológica e psicanálise relacional. Este trabalho busca delinear os principais pontos temáticos de encontro entre esses saberes na atualidade, com foco particular nos aspectos de convergência teórica e nas implicações clínico-psicoterápicas. Tendo isso em vista, são apresentadas concepções contemporâneas de inconsciente oriundas de ambos os campos de pesquisa. Por meio dessa apresentação, limites da teoria freudiana clássica do inconsciente e do respectivo primado da interpretação verbal na psicoterapia tornam-se acessíveis. Da psicopatologia fenomenológica contemporânea, apresenta-se a abordagem horizontal do inconsciente na formulação de Thomas Fuchs. Da psicanálise relacional, exploram-se os conceitos de saber relacional implícito, conforme forjado pelo Boston Change Process Study Group, bem como o conceito de inconsciente como experiência não formulada, de Donnel B. Stern. Tendo trilhado esse percurso, será possível notar como na atualidade fenomenologia e psicanálise vêm ao encontro uma da outra, assegurando, por meio de uma compreensão hermenêutico-fenomenológica de inconsciente, um lugar privilegiado para os aspectos implícito-procedurais das trocas relacionais no interior do espaço clínico.
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