INTRODUÇÃO “VIVENDO PARA ALÉM DO TRANSTORNO MENTAL: ESTUDOS QUALITATIVOS DE RECOVERY NA ESQUIZOFRENIA”
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v3i2.177Keywords:
Classic text translatorAbstract
Imagine que você estivesse vivendo com um grande grupo que, há algumas gerações,
houvesse feito uma viagem muito difícil para o Oeste passando por uma imensa planície. Foi
necessário encontrar meios para que a jornada fosse bem-sucedida. Agora todos vocês estão lá
ao pé das montanhas, onde fixaram residência. Alguns se aventuraram até o cume, mas nunca
foram muito longe. Você, por outro lado, quer ir além. Contudo, terá de desenvolver formas
de atravessar grandes riachos, escalar rochas íngremes, e acabou chegando mais longe do que
todos. Agora você retornou e está tentando descrever o que descobriu para as outras pessoas
do grupo. Você se surpreende e fica triste com muitos pelos comentários que fazem:
“Você não deveria ter desperdiçado seu tempo. O mundo real, sério, é aqui.”
“Você estava apenas brincando, em vez de fazer algo realmente útil.”
“Já vimos montanhas. Nós as vemos todos os dias. O que você está pensando? Basta olhar
para elas.”
Você tenta explicar que mais adiante é diferente, que eles realmente não entenderam isso.
Eles não viram as imensas cachoeiras, o enorme deslizamento de rochas, a forma como crescem as árvores protegendo as encostas das montanhas. E pode ser que haja um vasto oceano
um pouco adiante.
“Ah, mas nós vemos árvores. Veja! Ali há água passando sobre aquelas rochas. Não sei por
que você gastou suas energias construindo jangadas; também temos esses arados fantásticos.
Nada mais é necessário. E aposto que você não sabia que alguns acadêmicos tentaram trilhar
por essas montanhas muito antes de você. Tudo que eles trouxeram de volta foi um monte de
palavras compridas e teorias sofisticadas. Nada útil.”
É mais ou menos assim com praticamente qualquer coisa nova, como, por exemplo, tentar compreender por outra perspectiva a doença mental, o transtorno psiquiátrico, cada deficiência, seja lá qual for o nome. Tente encontrar ou desenvolver uma perspectiva de outro ponto
de vista, como o da pessoa que luta com seus problemas, de experiências reais e detalhadas
daqueles que estão passando por esses problemas, e essas mesmas reações, todas elas, são muito
comuns