Ferramenta Quebrada ou Existência Desordenada? O Problema da Enfermidade Mental na Fenomenologia Existencial
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v2i1.78Palavras-chave:
Psiquiatria, Heidegger, Sentimentos Existenciais, NormatividadeResumo
Em um trabalho recente, Schmid (2018) apresenta o que considera a forma adequa-da de compreensão da enfermidade mental do ponto de vista da fenomenologia existencial de Martin Heidegger. A enfermidade mental é apresentada como uma série de rupturas nas estruturas práticas e sociais da existência, através da analogia com a análise do utensílio que-brado presente em Ser e Tempo. Neste trabalho, proponho uma análise da leitura de Schmid em três etapas: 1. Sustento que esta leitura implica tanto uma transgressão categorial quanto uma perspectiva funcionalista, ambas derivadas da analogia equivocada com o modo de ser dos utensílios; 2. As rupturas nas estruturas práticas e sociais da existência não parecem ser suficientes para a manifestação de enfermidades mentais; e 3. Sustento que as perturbações na observância às normas são intimamente ligadas à experiência da enfermidade, mas apenas como consequência destas. Em seguida, introduzo uma abordagem relativa à autocompre-ensão mentalmente enferma prévia à tematização dos distúrbios de observância às normas. Sugiro que uma perturbação no espaço modal da experiência causada por mudanças afetivas tem um papel importante na compreensão da enfermidade mental a partir da perspectiva fe-nomenológico-existencial.