DESENHO INFANTIL E PINTURA
ENTRELAÇAMENTOS A PARTIR DE MAURICE MERLEAU-PONTY
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v6i2.256Palavras-chave:
Expressão; Fenomenologia; Desenho Infantil; Pintura.Resumo
Nosso objetivo é relacionar o desenho infantil com questões relativas à pintura, tratadas pela história da arte e, especialmente, pela fenomenologia. Partimos da crítica à má fama da imagem, que remonta a Platão e vem até os nossos dias. Ao avançar no tempo, vemos que a ideia da pintura como representação surgiu e se tornou dominante no ocidente a partir da invenção, na renascença, da perspectiva geométrica. Mostramos que ao compreendermos a representação perspectivista, em sua historicidade, como um modo de expressão de nossa experiência do mundo e não como o único, estamos liberados das coerções que a perspectiva impunha ao desenho e à pintura e podemos concebê-los como uma maneira de ver, que não pretende imitar as coisas, mas expressá-las. O desenho infantil pode, assim, ser situado não mais na ordem da imitação, mas da expressão, não mais na ordem da representação, mas da apresentação. Ao passarmos da representação para a apresentação, abandonamos, tanto na pintura quanto no desenho infantil, o tema da imitação, da secundariedade, da cópia de um modelo, do “vir-depois” e o desenho infantil aparece como um modo genuíno e criativo pelo qual a criança expressa o mundo em que vive.
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