Vibrando o contorno das coisas
visão e criação em Merleau-Ponty
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v6i2.251Palavras-chave:
Reversibilidade; Criação Artística; Visível e Invisível; Maurice Merleau-Ponty (1908-1961).Resumo
O presente texto tem como objetivo o de investigar a questão da visão e da criação artística na filosofia de Maurice Merleau-Ponty (1908-1961). Este autor mostra que, não sendo apenas um ato unilateral, ocorre na visão algo muito significativo: percebemos que ao olhar para um objeto, este também nos olha. Reconhecemos, então, que há uma reversibilidade da visão. Assim, ao mesmo tempo em que vê as coisas o vidente percebe que é olhado por elas. Esta ação ambígua do olhar – ver e ser visto - é vivenciado como criação pelo artista. Não é uma experiência apenas do pintor, mas também do poeta, do escritor, do músico, do escultor e de todo aquele que prestar atenção na percepção do novo e original que surgem a todo momento diante de si, fazendo vibrar o contorno das coisas. Para desenvolver nosso estudo investigaremos os escritos de Merleau-Ponty em que trata sobre esse tema, especialmente a obra inacabada O visível e o invisível, além de recorrer aos relatos de alguns artistas. Ao final, procuraremos concluir que a experiência criativa permite-nos perceber a reversibilidade do olhar, o qual é paradoxal, enigmático e que não cessa de interrogar a nossa condição de ser no mundo.
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