Diferença e individuação em Merleau-Ponty

Autores

  • André Dias de Andrade Universidade de São Paulo – USP Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto

DOI:

https://doi.org/10.62506/phs.v6i2.249

Palavras-chave:

Merleau-Ponty, Carne, Diferenciação, Humano, Animal

Resumo

O artigo trata da ampla relação entre percepção e linguagem na obra de Merleau-Ponty, a partir de uma chave de leitura: a distinção entre animalidade e humanidade que também se descortina ao longo de sua obra. Partimos aqui da descrição que Merleau-Ponty realiza das formas (Gestalten) perceptivas e verbais para pensá-las como produtos de processos internos de diferenciação. 1) No nível perceptivo, a diferenciação baseia-se em valências distintivas dentro do campo (em hyleen ou dados sensoriais que funcionam de modo diacrítico), sem a necessidade de estabilização de uma referência única. Este nível se estende à totalidade dos sinais e códigos animais. 2) No nível linguístico, a diferenciação opera em equivalências estruturais (já com signos diacríticos), progredindo em direção à referência propriamente dita ou, em linguagem fenomenológica, à “coisa mesma”. No limite, é possível compreender tanto a unidade quanto e diversidade entre seres a partir destes processos, trazendo à tona a especificidade do ente humano como um “animal referencial”, sem contudo cortar sua profunda conexão com a totalidade dos entes, naquilo que Merleau-Ponty denomina “carne” em seus últimos escritos.

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Publicado

2025-07-02

Como Citar

Dias de Andrade, A. (2025). Diferença e individuação em Merleau-Ponty. Phenomenology, Humanities and Sciences, 6(2), 129–136. https://doi.org/10.62506/phs.v6i2.249