Experiência, crise, estrutura
problemas elementares da história e filosofia da psicologia numa perspectiva fenomenológica
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v5i1.162Palavras-chave:
Epistemologia, Estruturalismo, Fenomenologia, Filosofia da ciência, Thomas KuhnResumo
Neste ensaio teórico, propõe-se uma confrontação entre o pensamento de Thomas Kuhn, especialmente de sua análise do comportamento do cientista e das matrizes epistemológicas em A estrutura das revoluções científicas, e a abordagem fenomenológica da construção do conhecimento, tendo-se por centro a situação ontológica, metodológica e epistemológica da Psicologia. Desenvolve-se como ensaio teórico e argumentativo, que gira em torno de cinco linhas argumentativas principais por meio da confrontação das teses de Kuhn com a de autores de viés fenomenológico. Em um primeiro momento, procura-se demonstrar como o pensamento normal, analisado por Kuhn, possui a mesma estrutura de sentido do naturalismo, que procura ser criticamente analisado em uma perspectiva fenomenológica. Em um segundo momento, propõe-se que a psicologia não retrata um período de resolução de quebra-cabeças, de ciência normal, tampouco o estágio de uma “ciência pré-paradigmática”, conforme os critérios diagnósticos de Kuhn; e que esta abordagem se deve a uma tentativa de fundamentação analógica da Psicologia, mas que esconde um preconceito filosófico. Derivado deste ponto, em um terceiro momento, mostra-se como o pressuposto da pretensa unidade da Psicologia, enquanto realidade ou enquanto meta, ou, ainda, de seu sucesso técnico, vela a questão dos fundamentos da Psicologia. Como quarto argumento, analisa-se como o desencaixe entre linguagem e realidade, ou entre conceito e factualidade, costuma ser lido em termos de uma “crise paradigmática” ou de “crise da Psicologia”, o que, hipoteticamente, exigiria uma terapêutica para corrigir a problemática instaurada. Por fim, defende-se que este desencaixe, pelo contrário, motiva uma “mudança de atitude” por parte do teórico em Psicologia e, assim, exige com que ele lide com o problema dos fundamentos.