O CORPO ANIMADO: PARA UMA FENOMENOLOGIA DO ESTRATO DA ANIMALIDADE
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v2i3.138Palavras-chave:
Subjetividade, Corpo, Mente, Animalidade, FenomenologiaResumo
O presente artigo divide-se em duas partes. Na primeira, procedo a uma descrição da auto-doação de nós próprios e distingo dois eixos principais: o sentido da separação entre corpo e mente e o sentido da sobreposição mente-corpo. Com base neles, sublinho o bem-fundado da distinção entre corpo e mente, mas rejeito que a distinção possa ser levada até a tese da separação real e, mais além, de uma suposta independência da mente (a anima) relativamente ao corpo. Na segunda parte, tento mostrar como o fenómeno da descentralização atópica da mente relativamente ao corpo, que foi descrita na primeira parte, não é algo intrínseco à mente, por si mesma, mas pode ser encontrada já na auto-organização do corpo-somático, de tal modo que, mesmo considerando o estrato da “animalidade” da subjectividade, ou seja, a dimensão somática de um corpo vivo e orgânico, essa descentralização se encontra já presente. Com isto, mostro como se pode falar de uma “subjectividade animal” e quais são os fenómenos que a constituem, centrando-me no eixo da auto-estruturação corporal, que apresenta já o fenómeno da deslocalização atópica de que falei antes.