Uma Leitura Decolonial do Visível e o Invisível
Diálogos sobre o Encobrimento
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v6i2.262Palavras-chave:
Invisível, Sensível, Encobrimento, Fenomenologia, DecolonialidadeResumo
Na ocasião dos 60 anos de O visível e o invisível de Merleau-Ponty, o presente ensaio revisita esse trabalho tardio do filósofo com o objetivo de colocá-lo em diálogo com o pensamento decolonial, como uma forma de se pensar as condições de possibilidade das existências entendidas como periféricas à modernidade europeia. A proposta é pensar junto à fenomenologia e não a partir dela, para que possamos, com um gesto fenomenológico crítico, fissurar compreensões já naturalizadas e visibilizar existências que, apesar de frequentemente não aparecerem como fenômenos para nós, constituem o nosso mundo-vida. Para tanto, são cotejados o trabalho de Merleau-Ponty e, em especial, de Dussel, de modo a permitir tessituras e reflexões sobre as possíveis aproximações e distanciamentos entre o gesto de visibilização do sensível e do negativo em Merleau-Ponty e o gesto de denúncia do encobrimento do outro em Dussel. Concluímos ser necessária a reflexão sobre a instituição de lacunas em nossas experiências e saberes, os quais são instituídos (em termos merleau-pontianos) na carne do mundo, no quiasma da intercorporeidade, colaborando com situações de invisibilização de populações do sul do globo.
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