O Dilema Ético dos Algoritmos: O Sujeito entre o engajamento existencial e o virtual
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v5i2.181Palavras-chave:
Existência, Engajamento, Existencialismo, Ética, Tecnologia, AlgoritimoResumo
No que consiste o dilema ético no uso de dados de usuários pelas empresas de novas tecnologias? A partir desta questão, como pensar o sujeito contemporâneo e suas relações sociais, destacando aspectos éticos? O objetivo da discussão aqui posta é compreender a relação entre existência e engajamento, a partir de uma crítica a era da tecnologia e ao paradigma do chamado engajamento virtual produzido pelos algoritmos. A internet é, na contemporaneidade, o lugar onde todas as coisas estão, mas sem corpo. Trata-se de uma discussão teórica que toma como referência o existencialismo e suas noções de engajamento e existência, num diálogo com a noção de contemporaneidade e certa compreensão sobre o que representa a tecnologia. O sujeito emergente nesse contexto parece lidar com uma existência na qual a materialidade da vida é colocada em suspenso: a fuga para a virtualização pelas redes sociais, o isolamento social como medida de enfrentamento da recente crise sanitária, a familiaridade e identidade com os avatares cada vez mais comuns no modo de ser, bem como, certo colapso da relação com a mundaneidade – a degradação do meio ambiente. Tudo isso parece compor o cenário onde a vivência de engajamento existencial acontece sob a tutela das IA’s. Vive-se uma espécie de ciborguização da vida. Considerando a compreensão existencialista sobre a condição humana, pensar a ética prática nessa conjuntura onde o sujeito é enredado por essa customização tecnológica, vivida num engajamento existencial quantificável, é o que pretende essa reflexão. Para fins de uma possível compreensão ética existencialista, destaca-se aqui, portanto, aspectos da autonomia de escolha de um sujeito que se faz virtualização sob a tutela de uma máquina: invenção e técnica, engajamento e existência. Qual a saída para o sujeito?
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