Um Estudo Fenomenológico das Relações Entre Espiritualidade e Psicoterapia: como trabalha o(a) Gestalt-Terapeuta?
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v4i1.169Palavras-chave:
Fenomenologia, Psicoterapia, Espiritualidade, Religiosidade, Gestalt-TerapiaResumo
Este artigo parte da indagação acerca da relação entre espiritualidade e psicoterapia segundo as percepções de Gestalt-terapeutas. Tem como objetivo descrever como tais psicoterapeutas descrevem o tema da espiritualidade e sua presença na clínica, bem como o modo se dá o seu manejo no contexto psicoterápico. O material aqui apresentado traz uma parte dos resultados obtidos em uma pesquisa empírica mais abrangente, na qual empregou-se o método qualitativo e fenomenológico para coleta e análise de dados conforme concebido por Amedeu Giorgi. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cinco Gestalt-terapeutas com vasta experiência clínica. O estudo resultou na apreensão de componentes essenciais das vivências dos participantes, que incluíram a presença de temas existenciais e de transcendência na clínica, a importância da relação terapêutica e da postura fenomenológica, a integração entre as dimensões espiritual e psíquica, as suas possíveis relações com a religião, bem como também a espiritualidade da(o) próprio(a) psicoterapeuta.
Referências
Aletti, M. (2012). A psicologia diante da religião e da espiritualidade: questões de conteúdo e de método. In Freitas, M. H. & Paiva, G. J. Religiosidade e Cultura Contemporânea. Brasília, D.F.: Universa.
Amatuzzi, M. M. (2001). Pesquisa fenomenológica em psicologia. In M. A. T. Bruns & A. F. Holanda (Orgs.), Psicologia e Pesquisa Fenomenológica: Reflexões e Perspectivas. São Paulo: Ômega Editora.
Bello, A. A. (2021). Envolvimento psíquico e reações espirituais em época de pandemia. In J. A. Gutiérrez Espíndula & A. E. Aguirre Antúnez (Orgs.), Psicologia fenomenológica e saúde mental durante a pandemia COVID-19: experiências e pesquisas (pp. 19-28). São Paulo: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Borges, A. (2020). A espiritualidade na Gestalt-terapia como estratégia de ajustamento criativo. Encontros Teológicos/ Florianópolis,35(1).
Buber, M. (1974). Eu e Tu. (2a ed.) São Paulo, SP: Editora Moraes.
Campos, A. F. (2019). Deus na Cadeira Vazia: Psicoterapia e Espiritualidade nas Percepções de Gestalt-terapeutas (Tese de Doutorado) Universidade de Brasília, Brasília.
Cardella, B. H. P. (2017). De volta para casa: Ética e Poética na Clínica Contemporânea. Amparo, S.P.: Gráfica Foca.
Chaves, F. S. & Nascimento, C. L. (2021). Intersecção da fenomenologia da religião na medida e desmedida da existência para a saúde mental em tempos de pandemia. Revista Relegens Thréskeia, 10(1), pp 118 – 142.
Corrêa, D. A. & Borjato, H. C. (2016) Experiência religiosa e saúde: uma perspectiva fenomenológica. Revista Científica da Universidade de Mogi das Cruzes, 1(1).
Clarkson, P. & Mackewn, J. (1993). Fritz Perls. London: Sage Publications.
Crocker, S. & Philippson, P. (2005) Phenomenology, existentialism, and eastern thought in gestalt therapy. In A. Woldt & S. Toman (eds.) Gestalt Therapy: History, Theory, and Practice, pp. 65-80, Thousand Oaks: Sage Publications, Inc.
Creswell. J. W. (2010). Projeto de Pesquisa. Porto Alegre: Artmed.
Cunha, V. F. da & Scorsolini-Cumin, F. (2019a). Dimensão Religiosidade/Espiritualidade na Prática Clínica: Revisão Integrativa da Literatura Científica. Psicologia Clínica e Cultura, Psicologia: Teoria e Pesquisa, 35. https://doi.org/10.1590/0102.3772e35419
Cunha, V. F. da & Scorsolini-Comin, F. (2019b). Religiosity/Spirituality (R/S) in the clinical context: professional experiences of psychotherapists. Temas em Psicologia, 27(2), 427-441. https://dx.doi.org/10.9788/TP2019.2-10
Esperandio, M. (2020). Espiritualidade e saúde: a emergência de um campo de pesquisa interdisciplinar. REVER: Revista de Estudos da Religião, 20(2), 7-10. DOI: https://doi.org/10.23925/1677-1222.2020vol20i2a1
Evangelista, P. E. R. A. (2019). O incontornável do humano: as terapias existenciais de Emmy van Deurzen e Alice Holzhey-Kunz. In C. M. Cardoso & J. P. Giovanetti (Orgs.), Sofrimento Humano e Cuidado Terapêutico. Belo Horizonte: Artesã Editora.
Frankl, V. E. (1991). Man’s Search for Meaning. London: Hodder & Stoughton.
Freitas, M. H. (2004). O senso religioso como objeto de interesse da psicologia: um breve histórico. In M. A. Ribeiro, Texto didático: questões da psicologia contemporânea. Brasília, D. F.: Universa.
Freitas, M. H., Ruas, E. F. L. & Nwora, E. I. (2021). Religiosity and Spirituality in mental health contexts. In R. Andrew & K. Hatala (Eds.), Spiritual, Religious, and Faith-Based Practices in Chronicity: An Exploration of Mental Wellness in Global Context. London: Routledge.
Freitas, M. H. & Vilela, P. R. (2017). Leitura fenomenológica da religiosidade: implicações para o psicodiagnóstico e para a práxis clínica psicológica. Revista da Abordagem Gestáltica, 23(1), 95-107.
Giorgi, A. (1985). Sketch of a psychological phenomenological method. In A. Giorgi (Org.), Phenomenology and psychological research (pp. 8-22). Pittsburg: Duquesne University Press.
Giorgi, A. (2009). The descriptive phenomenological method in psychology: a modified Husserlian approach. Pittsburg: Duquesne University Press, 2009.
Giorgi, A. (2012). The descriptive phenomenological psychological method. Journal of Phenomenological Psychology, v. 43(1), p. 3-12. DOI: http://dx.doi.org.ez97.periodicos.capes.gov.br/10.1163/156916212X63293
Giorgi, A. P., & Giorgi, B. M. (2003). The descriptive phenomenological psychological method. In P. M. Camic, J.E. Rhodes & L. Yardley. Qualitative research in psychology: expanding perspectives in methodology and design (pp. 243-273). Washington, D.C.: American Psychological Association.
Hefti, R. (2019). Integrando Religião e Espiritualidade no cuidado em saúde mental, na Psiquiatria e na Psicoterapia. (H. August & P. L. T. Santos, Trad.) Interação em Psicologia, 23(02), 308-321. (Originalmente publicado em 2011). https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/68486/39536
Henning-Geronasso, M. C. & Moré, C. L. O. O. (2015). Influência da Religiosidade/Espiritualidade no Contexto Psicoterapêutico. Psicologia, Ciência e Profissão, 35(3), 711-725. doi:10.1590/1982-3703000942014.
Hofmann, L. & Walach, H. (2011). Spirituality and religiosity in psychotherapy - A representative survey among German psychotherapists. Psychotherapy Research, 21(2), 179-192. doi: 10.1080/10503307.2010.536595
Holanda, A. F. (2006). Questões sobre pesquisa qualitativa e pesquisa fenomenológica. Em Análise Psicológica, 3(XXIV), 363-372. Recuperado de http://search.scielo.org
Hook, J. N., Worthington Jr., E. L. & Davis, D. E. (2012). Religion and Spirituality in Counseling. In N. A. Fouad (Ed.), APA Handbook of Counseling Psychology: Vol. 2. Practice, Interventions, and Applications (p. 417-432). doi: 10.1037/13755-017.
Hycner, R. (1993) De Pessoa a Pessoa. São Paulo: Summus.
Joyce, P. & Sills, C. (2014). Técnicas em Gestalt: Aconselhamento e psicoterapia. Petrópolis: Editora Vozes.
Juliano, J. C. (1999). A arte de restaurar histórias. São Paulo: Summus.
Lima Neto, V. B. (2013). A Espiritualidade em Logoterapia e Análise Existencial: o Espírito em uma Perspectiva Fenomenológica e Existencial. Revista da Abordagem Gestáltica - Phenomenological Studies – XIX(2): 220-229.
Leeuw, G. V. der. (1933/2009). A religião em sua essência e suas manifestações: Fenomenologia da religião, Epílogo. Revista da Abordagem Gestáltica, 15(2), 179-183. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672009000200014&lng=pt&tlng=pt.
Lomax, J. W., Kripal, J. J. & Pargament, K. I. (2011). Perspectives on “Sacred Moments” in Psychotherapy. American Journal of Psychiatry, 168(1), 12-18. http://dx.doi.org/10.1176/appi.ajp. 2010.10050739.
Monteiro, D. D., Reichow, J. R. C., Sais, E. F. & Fernandes, F. S. (2020). Religiosidade / Espiritualidade e Saúde Mental no Brasil: uma revisão. Boletim Academia Paulista de Psicologia, 40(98), 129-139. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2020000100014&lng=pt&tlng=pt.
Moreira-Almeida, A., & Lucchetti, G. (2016). Panorama das pesquisas em ciência, saúde e espiritualidade. Ciência e Cultura, 68(1), 54–57. https://doi.org/10.21800/2317-66602016000100016
Moreira-Almeida, A., Sharma, A., van Rensburg, B. J., Verhagen, P. J., & Cook, C. C. H. (2016). WPA Position Statement on Spirituality and Religion in Psychiatry. World Psychiatry, 15(1), pp. 87-88. doi: 10.1002/wps.20304
Nascimento, A. K. C. & Caldas, M. T. (2020). Dimensão espiritual e psicologia: a busca pela inteireza. Phenomenological Studies - Revista da Abordagem Gestáltica | Vol. XXVI-1
Naranjo, C. (1978). Gestalt therapy as a transpersonal approach. Gestalt Journal, 1(2), 75-81. Recuperado de ttp://www.claudionaranjo.net/pdf_files/gestalt/gestalt_as_a_transpersonal_approach_english.pdf.
Neubern, M. S. (2013). Psicoterapia e Espiritualidade. Belo Horizonte: Diamante.
Oliveira, M. R. & Junges, J. R. (2012). Saúde mental e espiritualidade/religiosidade: a visão de psicólogos. Estudos de Psicologia, 17(3). https://doi.org/10.1590/S1413-294X2012000300016
Paiva, R. de (2018). Espiritualidade, Religiosidade e Subjetividade no Contexto do Sofrimento Psíquico Grave. ECOS, Estudos Contemporâneos da Subjetividade, 8(2), 278-290. http://www.periodicoshumanas.uff.br/ecos/article/view/2852/1567
Panzini, R. G, Rocha, N. S da, Bandeira, D. R, & Fleck, M. P. de A. (2007). Qualidade de vida e espiritualidade. Revista de psiquiatria clínica, 34(1), 105-115. Recuperado de http://www.scielo.br
Pargament, K. I., Desai, K. M., & McConnell, K. M. (2006). Spirituality: A pathway to posttraumatic growth or decline? In R. Tedeschi & L. Calhoun (Eds.), Handbook of posttraumatic growth: Research and practice (pp. 121–137). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum.
Pargament, K. I., Lomax, J. W., McGee, J. S., & Fang, Q. (2014). With one foot in the water and one on shore: The challenge of research on spirituality and psychotherapy. Spirituality in Clinical Practice, 1(4), 266–268. https://doi.org/10.1037/scp0000046
Peretti, C. (2021). Fenomenologia e experiência religiosa em tempos de pandemia. In J. A. G. Espíndula & A. E. A. Antúnez (Orgs.), Psicologia fenomenológica e saúde mental durante a pandemia COVID-19: experiências e pesquisas. São Paulo: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Perls, F. S. (1977). Gestalt-terapia explicada. São Paulo: Summus.
Piasson, I. J., Oliveira, L. O. & Freitas, M. H. (2022). Religiosidade na Clínica: Concepções e Experiências de Psicólogos Junguianos – Um Estudo Fenomenológico. Phenomenological Studies - Revista da Abordagem Gestáltica, 28(02), pp. 149-164. DOI: 10.18065/2022v28n2.2
Pinto, Ê. B. (2009). Espiritualidade e Religiosidade: Articulações. Revista de Estudos da Religião. Recuperado de www.pucsp.br/rever
Raddatz, J. S., Motta, R. F. & Alminhana, L. O. (2019). Religiosidade/Espiritualidade na Prática Clínica: Círculo Vicioso entre Demanda e Ausência de Treinamento Psico-USF, Bragança Paulista, v. 24, n. 4, p. 699-709, out./dez.
Rehfeld, A. (2009). O que diferencia uma Abordagem Fenomenológico-existencial das demais? In E. B. Pinto (org.), Gestalt-terapia: encontros. São Paulo: Instituto de Gestalt de São Paulo.
Ribeiro, J. P. (2021). Ambientalidade, co-existência, sustentabilidade. Conferência de abertura do XVII Encontro Nacional de Gestalt-terapia / XIV Congresso Brasileiro da Abordagem Gestáltica, Pirenópolis, GO.
Ribeiro, J. P. (2009). Holismo, Ecologia e Espiritualidade. São Paulo: Summus.
Ribeiro, J. P. (1985). Refazendo um Caminho. São Paulo: Summus.
Schoen, S. (1994). Presence of Mind: Literary and philosophical roots of a wise psychotherapy. Highland, NY: The Gestalt Journal Press.
Silva, C, (2014). Fenomenologia da religião: compreendendo as ideias religiosas a partir de suas manifestações. São Paulo: Vida Nova.
Silva, A. B., Guerra, V. M., Pirola, G. P., Galvão, J. A. & Zanotelli, L. G. (2020). Relação entre sentido de vida e espiritualidade na América Latina: uma revisão integrativa da literatura. Interação em Psicologia, 24(2), 215-229. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/66020/41448
Tabone, M. (1993). A Psicologia Transpessoal. (9a. Ed.) São Paulo: Editora Cultrix.
Tassinari, M. A., & Durange, W. T. (2014). Experiência empática: da neurociência à espiritualidade. Revista da Abordagem Gestáltica, 20(1), 53-60. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672014000100007&lng=pt&tlng=pt.
Williams, L. (2006). Spirituality and Gestalt: A Gestalt-Transpersonal Perspective. Gestalt Review, 10(1), 6-21. Recuperado de http://www.gisc.org/gestaltreview/documents/spiritualityandgestalt-agestalt-transpersonalperspective.pdf
WHOQOL SRPB Group (2006). A cross-cultural study of spirituality, religion, and personal beliefs as components of quality of life. Social Science & Medicine, 62(6), pp.1486-97. doi: 10.1016/j.socscimed.2005.08.001.
World Psychiatric Association (2016). WPA Position Statement on Spirituality and Religion in Psychiatry. World Psychiatry, 15(1). https://onlinelibrary.wiley.com/toc/20515545/2016/15/1
Zaneti, N. B. (2017). Sexualidade e espiritualidade femininas: um estudo com mulheres praticantes de tai chi chuan (Tese de doutorado). Universidade Católica de Brasília, Brasília, D.F.
Zea, M. C., Mason, M. A., & Murguía, A. (2000). Psychotherapy with members of Latino/Latina religions and spiritual traditions. In P. S. Richards & A. E. Bergin (Eds.), Handbook of psychotherapy and religious diversity (pp. 397–419). American Psychological Association. https://doi.org/10.1037/10347-016
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Phenomenology, Humanities and Sciences
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.