O Transbordamento Do Olhar: Percepção E Atitude Categorial Em Gurwitsch E Merleau-Ponty
DOI:
https://doi.org/10.62506/phs.v2i2.120Palavras-chave:
Atitude Categorial, Gurwitsch, Goldstein, Merleau-Ponty, PercepçãoResumo
O propósito deste trabalho é apresentar e discutir as apropriações realizadas por Aron Gurwitsch e Maurice Merleau-Ponty do conceito de atitude categorial, oriundo das pesquisas de Kurt Goldstein. No campo da psicopatologia, a atitude categorial refere-se à estrutura de comportamentos possíveis ou virtuais, demarcados no registro do simbólico, que permitem ao sujeito relacionar-se com o mundo para além dos dados atuais ou presentes da percepção. Ao denotar esse plano simbólico, ao qual a esfera comportamental de pacientes com lesão cerebral parece não mais se inscrever, o conceito de atitude categorial abre-se à possibilidade de ser interpretado a partir do léxico da ideação, da abstração ou da generalização. Isto implica conceber que a noção de categoria habitaria um plano distinto do plano sensível ou perceptivo. Esta é a leitura proposta por Gurwitsch, que aproxima a noção de atitude categorial das elaborações entalhadas por Husserl, através da distinção entre significado perceptivo e significado categorial. De modo distinto, na primeira obra de Merleau-Ponty, A Estrutura do Comportamento, o tratamento da atitude categorial é realizado com vistas a enraizar a capacidade idealizante da experiência humana na própria dinâmica perceptiva, definindo o comportamento simbólico, primordialmente, como capaz de “multiplicidade perspectiva”
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